Miragens contemplativas

17:36

Os teus olhos carregam uma incomensurável profundeza. Dessas que não cabem numa descrição detalhada nem tão-pouco numa análise formal. Desarmam sem intencionalidade, desviam as barricadas, destapam a alma.

Desafio-te com os meus. Quero descobrir-te. Comprometer-me nesse silêncio impregnado de vagas emotivas. Tomar o prisma nas mãos para conhecer as tonalidades do teu olhar ao longo do dia, durante a noite, no eclipsar da madrugada.
imagem retirada da Internet

Os teus olhos imobilizam as palavras não ditas. Nessa atitude de espontaneidade que se impõe, se inveja e se deseja. Escapam dos dramas, das tragédias, dos conflitos declarados com a mesma impunidade com que lidam com as alegrias, as vitórias, as soluções.

Gostaria de resgatar esse olhar penetrante e fugidio, num desses instantes desprevenidos. Torná-lo cativo do meu, com grilhões feitos de papel e cera. Só pelo prazer de observar o mistério que ele encerra e sabê-lo indecifrável.

Mas, quando te viras e olhas de soslaio, percebo a falácia dessa tentativa. Não se desbrava um olhar que dá tudo e corre livre pelo mundo. Por isso, permite-me retê-lo assim: puro, intacto, pleno, inatingível.

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