Horas aprazadas

16:41

Há um prazo que dita a validade e nos deixa mais certos de que não corremos perigo no seu consumo ou mais angustiados pela pressão de não deixar passar o limite.

Mais cedo ou mais tarde, tudo acaba por expirar. Pelo menos, nos seus contornos iniciais. Perdura a expectativa ilusória de olhar para as coisas e vê-las tal e qual como da primeira vez.


Os prazos podem encurtar os esforços ou dilatar a distância das metas. Esses prazos existem de forma oculta, gerando incertezas e ansiedades. E, pelo meio, têm dias vazios, dias nublados, dias inválidos, dias fendidos.

Essas horas preguiçosas e impacientes são as mesmas que rasgamos da biografia. São aquelas que não queremos lembrar e enfiamos numa das gavetas do fundo da nossa consciência.

Contudo, a nulidade também ocupa espaço e tem um efeito contagiante. Sem prazo, ela vai pesando, acumulando-se, habituando-se à gaveta atulhada que já abre com dificuldade.

You Might Also Like

0 apontamentos

Total de visualizações

Procurar no blogue