Instantes eternos de Essaouira

14:47

O tempo encolhe-se nessa cidade que cheira a maresia, dia após dia. Simples na hospitalidade e intensa na faina do quotidiano, Essaouira é o refúgio perfeito para declinar inquietudes e sorver paixões.


A luz do pôr-do-sol arrebata os sentidos, enquanto os pescadores, empoleirados nas rochas escorregadias, estendem as canas para o sustento. As suas mãos, robustas e sujas, carregam o peixe até à lota e estripam-no, sem pudor nem descanso, perante o olhar impressionado de quem por ali passa.


E, por entre a azáfama dos transeuntes apressados e dos turistas encantados, há um ritmo conforme à humanidade. Uma mãe que caminha, lado a lado, com o filho que aprendeu há pouco tempo a dar os primeiros passos. Segura-o pela mão para que veja o mar, as gaivotas, o horizonte, o futuro desimpedido. E o pequeno sentir-se-á rei deste e do outro universo. 


Uma mulher, vestida de negro, cruza a praça, em direcção ao cais. Usa um capuz e empurra a cadeira de rodas de um senhor coleccionador de décadas. Segue devagar, mas firme. Misturam-se entre os turistas. Por fim, param e a luz vespertina desperta-lhes sorrisos tímidos. Talvez tenham feito o mesmo ontem e regressem amanhã também.


Essaouira, cidade Património da Humanidade, é não mais do que um lugar que se deixa sobrevoar pelas gaivotas e que se permite a sentir as cócegas dos risos das crianças.

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