Desnorteados

10:19

Ela comprava açúcar para tornar a vida menos agridoce. Ele bebia umas cervejas para torná-la menos sóbria.

Ela vivia entre os montes, debatendo-se com Invernos rigorosos, pessoas afáveis e costumes imemoriais. Ele trabalhava longe, onde o sol beija o mar, quase todos os dias.

Quatro linhas, perpendiculares, atravessadas por outras secundárias, que os irmanavam. E, nas entrelinhas, encontravam um conforto anímico inigualável, que traduziam em frases partilhadas.

imagem retirada da Internet

Ela corria extasiada por uma agenda em branco. Ele sorria quando conseguia ter tempo de ver o pôr-do-sol.

Ela encaixotava as memórias imaginadas e amarrotava as mágoas sentidas. Ele remexia as lembranças vividas e remendava as saudades inexistentes.

Ambos queriam estar no lugar do outro. Encorajavam-se, mutuamente, e continuavam a debater-se, mas os dias medíocres foram-lhes roubando a energia, intimidando a liberdade, matando-os por dentro.

You Might Also Like

0 apontamentos

Total de visualizações

Procurar no blogue