Escapatórias mnemónicas

02:49


Procurei esses lugares nas fotografias em que ora és tu a retratada ora sou eu. Exaustas e eufóricas, percorremos recantos encantados. E, agora, só me apetecia ouvir os ecos dessas conversas intimistas. 

Não havia pressas quando o sol desaparecia ou ameaçava despontar. Não existiam pontos finais, porque só as vírgulas faziam sentido. E como prever que, hoje, colocaríamos tudo entre parênteses?

Revejo esses lugares nas fotografias que sobraram por me trazerem memórias da tua pele clara quando viravas o pescoço para abafar uma gargalhada. Inquietas e irrequietas, interrogávamos o substrato do que acontecia à nossa volta ou connosco.

Nesse tempo, as juras e as promessas eternas não eram mais do que sombras dos nossos afectos. Surgiam tão espontâneas quanto inevitáveis. E desvaneceram-se tão abruptamente, sem quase deixarem rasto.

Gostava desses programas feitos de improviso, mas completos. Tenho saudades dessa cumplicidade que um dia inaugurámos, por acaso. Gostava de conhecer outros lugares, contigo, novamente e de vez.

Mesmo estando cada uma nos antípodas do que fomos nesses dias, achas que ainda é possível fazê-lo?

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