Pensar incomoda bem mais do que andar à chuva
15:11A chuva cai com estrondo na rua. O vento faz abanar os vidros da janela. O temporal abate-se sobre a praceta. Abro o livro e tento escutar tudo menos o silêncio perturbador do barulho da chuva a cair… Ouço também a TV aos berros no apartamento ao lado e a desatenção do vizinho.
A esta hora os miúdos já estão deitados e todos se preparam para mais uma semana de trabalho. A chuva continua a cair ininterruptamente. Há alguém na varanda a tentar agarrar a chuva e outro alguém a correr pela rua, procurando um abrigo. Eu tento agarrar o que não tenho e encontrar aquilo que não procuro por necessidade, mas talvez por capricho.
Bato a porta e saio para a chuva porque pensar incomoda muito mais do que andar à chuva. A chuva apenas fertiliza as ideias, refresca a memória, congela a tristeza, inunda um qualquer vazio de nada. Sinto o frio na pele, a água nos cabelos, a aragem na cara.
Regresso ao conforto da casa e fico a ver a chuva cair. Agora para além do frio anímico, sinto o frio corporal. Tenho medo porque sei que ninguém vai buscar um cobertor quentinho para me embrulhar, nem vai fazer-me uma carícia na testa desviando os cabelos em desalinho, nem vai ficar sentado a meu lado até adormecer, roubando-me a solidão… Mas o som da chuva a cair lá fora obriga-me a perceber que não tenho nem essa falsa segurança de antes.
Dói-me a cabeça de ouvir a insistência da chuva e dói-me o coração de perceber que a persistência da minha inércia perdura, impedindo-me de conseguir o que quero, de procurar o que preciso, de descobrir o que desconheço…
Há luzes a apagar-se nos prédios em frente. Há passos a soar no soalho. Há gotas a bater contra o vidro, que se desfazem e deslizam. Nesta noite escura sinto-me uma gotita que se desfaz e desliza quando bate e não parte os espelhos da Vida…
A esta hora os miúdos já estão deitados e todos se preparam para mais uma semana de trabalho. A chuva continua a cair ininterruptamente. Há alguém na varanda a tentar agarrar a chuva e outro alguém a correr pela rua, procurando um abrigo. Eu tento agarrar o que não tenho e encontrar aquilo que não procuro por necessidade, mas talvez por capricho.
Bato a porta e saio para a chuva porque pensar incomoda muito mais do que andar à chuva. A chuva apenas fertiliza as ideias, refresca a memória, congela a tristeza, inunda um qualquer vazio de nada. Sinto o frio na pele, a água nos cabelos, a aragem na cara.
Regresso ao conforto da casa e fico a ver a chuva cair. Agora para além do frio anímico, sinto o frio corporal. Tenho medo porque sei que ninguém vai buscar um cobertor quentinho para me embrulhar, nem vai fazer-me uma carícia na testa desviando os cabelos em desalinho, nem vai ficar sentado a meu lado até adormecer, roubando-me a solidão… Mas o som da chuva a cair lá fora obriga-me a perceber que não tenho nem essa falsa segurança de antes.
Dói-me a cabeça de ouvir a insistência da chuva e dói-me o coração de perceber que a persistência da minha inércia perdura, impedindo-me de conseguir o que quero, de procurar o que preciso, de descobrir o que desconheço…
Há luzes a apagar-se nos prédios em frente. Há passos a soar no soalho. Há gotas a bater contra o vidro, que se desfazem e deslizam. Nesta noite escura sinto-me uma gotita que se desfaz e desliza quando bate e não parte os espelhos da Vida…
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