Uma leitura "ligeira"

15:56

Quando se está de férias, a apanhar sol na praia, tendo o barulho das ondas a rebentar como música de fundo, aproveita-se o tempo para ler tudo aquilo que aparece. Foi nestas leituras distraídas e ocasionais que, ao desfolhar a revista “Lux”, da semana passada, encontrei este texto escrito por Paulo Coelho:

«- (…) as pessoas têm um prazer mórbido em passar todos os dias a queixarem-se das condições em que vivem.
Penso como ele: os verdadeiros homens e mulheres são os que procuram as condições ideais, e – se não conseguem encontrá-las – acabam por as criar.
- Como se criam as condições necessárias?
- Um chinês, há milhares de anos, já escreveu sobre isso: respeitando cinco pontos fundamentais. Entretanto, antes de falar destes cinco pontos, é preciso dizer que o ponto de partida é o respeito por si mesmo. Podemos conseguir qualquer coisa, mas não podemos conseguir tudo; então é preciso saber exactamente o que desejamos.
- Como sabemos o que desejamos?
- Quando nos sentimos bem ao realizar determinada tarefa. Consequentemente, tudo aquilo que nos faz perder o entusiasmo e o respeito por nós mesmos é nocivo; mesmo que signifique poder, dinheiro, ou sucesso. Já vi muita gente a ser sufocada pelo sucesso, a cometer erros que acabavam por destruir o trabalho de anos, a entregar-se a bebedeiras monumentais, a tornar-se agressiva, rigorosa, amarga. Estas pessoas estão longe de si mesmas, e longe dos outros.
- Voltemos ao chinês.
- Um chinês escreveu um livro sobre a guerra, mas os cinco pontos que ele relaciona ali aplicam-se a qualquer tarefa realizada pelo ser humano.
O primeiro item: a lei da vontade.
Acabámos de falar sobre ela: só devemos fazer aquilo que realmente enche o nosso coração de entusiasmo. Se deixamos isso de lado, se adiamos o momento de viver aquilo que sonhamos, perdemos a energia necessária para qualquer transformação importante na nossa vida. Alguém já disse, de maneira muito apropriada: “Eu não conheço o segredo do sucesso – mas o segredo do fracasso é tentar sempre fazer a vontade dos outros.”
O segundo item: a lei das estações.
Assim como uma guerra travada no Inverno exige um comportamento e um equipamento diferentes de uma guerra no Verão, o ser humano precisa de aprender a respeitar as suas próprias estações, não tentando agir no momento de esperar, não tentando esperar no momento de agir. Entretanto, para poder progredir em qualquer coisa, ele precisa de dar o primeiro passo – a partir daí, o seu ritmo pessoal e a sua intuição vão indicar-lhe como conservar a sua energia.
O terceiro item: a lei da geografia.
Uma batalha num desfiladeiro é diferente de uma travada no campo; da mesma maneira, só consegue condições favoráveis aquela pessoa que presta atenção ao que está a acontecer à sua volta, o espaço que está a ocupar, o que tem de fazer para o ampliar, onde pode ser encurralada, como pode escapar se precisar de recuar um pouco.
O quarto item: a lei dos aliados.
Ninguém pode lutar sozinho; são necessários amigos que nos dêem força quando precisamos, gente que nos aconselhe, sem medo do que vamos pensar. Como diz um poeta, “nenhum pássaro pode voar alto, se usar apenas as suas próprias asas.”
Finalmente, o quinto item: a lei da criatividade.
Só existe uma maneira de entender as coisas – é quando tentamos mudá-las. Nem sempre conseguimos, mas acabamos por aprender, porque buscamos um caminho não percorrido – e o mundo está cheio destes caminhos. O problema é que todos têm muito medo das florestas virgens, dos mares nunca navegados, já que o desconhecido dá a sensação de que nos podemos perder. Mas ninguém se perde – porque a mão de Deus misericordioso está sempre sobre a cabeça dos homens e mulheres corajosos, que ousam ser diferentes porque acreditam nos seus sonhos.»

Neste Verão sigam estas leis e mantenham-nas no resto do ano. Descubram novas leis e adicionem-nas. Fundamentalmente, nunca percam o respeito pelos sonhos que se desenham no horizonte dos dias da vossa Vida.

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