Em casa

15:08

É no silêncio da casa que encontro conforto para acalmar as minhas lembranças. Mas elas perseguem-me… Estão pregadas nas paredes, escondidas em caixas arrumadas, habitam o vazio da casa.
Sim, uma casa é o produto final de alguns tijolos erguidos com esforço, sob tempos adversos, unidos por cimento e disfarçados por tintas (de exterior e interior). E depois há a nossa casa... Aquele espaço que nos acolhe incondicionalmente, seja manhã, tarde, noite ou madrugada; faça sol, faça vento, chova ou troveje; seja Outono, Inverno, Primavera ou Verão; estejamos acompanhados ou não. É o lugar que se torna um dos mais aprazíveis ao nosso “eu”.
E, porque a identidade da nossa casa é o reflexo de nós próprios, é, aqui, nesta mudez das paredes despidas e frias que encontro a segurança e a tranquilidade necessárias para arrefecer os meus medos e acalentar as minhas esperanças.
Hoje apeteceu-me ficar em casa para todo o sempre como uma refugiada do mundo por tempo indeterminado… Gostava que me compreendessem. A necessidade de estar sozinha, de passar tempo comigo mesma, sobrepõe-se à vontade de estar com vocês. Todos precisamos do nosso espaço, do nosso lugar, do nosso verdadeiro abrigo. Felizmente que eu o tenho, o prezo e faço de tudo para o preservar. Hoje não quero arrancar-me para ouvir as lamentações dos outros, as conquistas dos outros, os problemas dos outros, as ansiedades dos outros. Sim, talvez esteja a ser injusta e egoísta… Contudo, hoje, quero ouvir-me apenas, na ausência de barulho da minha casa.

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