Reminiscência nocturna

14:36

São três da manhã e a cidade está deserta… “alguém escreveu o teu nome por toda a parte: nas ruas, nas casas para me lembrar que o amor é uma doença quando nele julgamos ver a nossa cura”… Não sei porquê mas lembrei-me da letra desta música dos Ornatos Violenta. E depois é incrível a associação de ideias que a mente brilhantemente realiza, interligando tempos distintos da nossa vida para potenciar o nosso sentimento de falta e de falha…
Tinha um amigo (a conjugação verbal mais correcta será “tenho”) que nunca mais vi, desde o último dia de aulas do meu 9º ano, com o qual, na altura em que os Ornatos Violeta estavam em voga, havia uma música que fazia referência a um monstro e ele brincava dizendo que “o monstro precisa de amigos”. Ri-me muito com ele... Era mesmo uma pessoa simples e bondosa. Era para todos nós um verdadeiro exemplo de humildade.
Nesta madrugada, recordo as vezes que jogámos básquete depois de almoçarmos a correr… Recordo ainda as gargalhadas que se multiplicavam quando dizia alguma piada...
Hoje nada sei de ti… Digamos que posso dizer que perdi completamente o teu rasto. Talvez porque tenhas
percorrido um caminho de areia, onde as tuas pegadas foram apagadas pelo vento do desinteresse de quem não insistiu em perseguir-te.
Gostava tanto de te voltar
a ver. Apetecia-me regressar atrás no tempo para te relembrar que todos os monstros precisam de amigos, não amigos vulgares, só amigos como tu, que nos marcam e se tornam pontos de referência nalgum momento da nossa vida.
Sempre tento saber informações que me conduzam a ti… Mas os rumores não são fiáveis, nunca o foram… E do cruzamento de informações só resulta uma conclusão: pouca gente sabe o que é feito de ti e os que sabem têm uma noção muito afastada e vaga, talvez até desfasada da realidade. Calculo que, por onde quer que andes ou o que quer que faças, continuas o mesmo: o amigo bem-disposto e altruísta que, um dia, tive a sorte de conhecer e com o qual tive o privilégio de conviver. Pergunto-me se ainda te lembras de mim… e acredito que a resposta seja afirmativa.

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