Por momentos...

07:16

Apetecia-me dançar, mas não há ninguém que me acompanhe… E os que tentam, valentes e ambiciosos, empenhados em conseguir, não persistem em continuar depois das sucessivas tentativas frustradas. Em seguida afastam-se e vão dançar uma qualquer música que já não ouço.
Não acerto com a companhia para dançar, porque ouvimos músicas diferentes e, por isso, entregamo-nos a ritmos distintos, experimentando movimentos descompassados que terminam num afastamento desconexo.
Talvez tenha mesmo que aprender a dançar, talvez tenha que habituar os meus ouvidos à música, embora duvide que eles a identifiquem… Daí que, quando me convidam para dançar, recuso determinantemente!
Não quero sentir apenas o contacto dos corpos juntos, a respiração alterada da pessoa que dança connosco. Não me agrada a ideia de perceber que estamos fisicamente próximos sem inquietações de ter o mesmo nível de aproximação psicológica. Não me apetece retribuir sorrisos descomprometidos nem olhares descontraídos nem palavras sem sentido. E tudo porque hoje apetecia-me dançar com alguém que trocasse comigo um olhar significativo, que proferisse palavras quase inaudíveis ao ouvido, que sorrisse com emoção. Queria sentir a respiração de ambos em uníssono. Não teria a preocupação de evitar enganar-me nos passos para não te pisar, pois teria a certeza que a música que escutávamos era um silêncio partilhado que se esconde nas entrelinhas da música…

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