A nostalgia do Outono

04:33

Sentada num banco de jardim, observo a lenta queda das primeiras folhas… Amareladas caem no chão coberto de relva seca, à medida que se processa o longo desfile das horas que integram o tempo maroto! O vento envolve as folhas numa melodia calma e serena que só a mãe Natureza consegue desvendar. É belo e harmonioso o seu andamento... As árvores agitam-se à sua passagem e o vento concede-lhes uma dança ligeira.
Dirijo o meu olhar para as folhas, que varrem subtilmente a superfície terrena, mas elas desconhecem tal facto. Nunca tinha reparado nos elementos que constituem a estação, considerada a mais triste do ano, o Outono. Discordo!

Sinto uma saudade enorme do tempo em que corria e saltava livremente, nada me preocupava… era desprovida de sentimentos ou pensamentos que me obrigassem a calcular as consequências de determinado acto… Por isso invejo as folhas, porque são o contrário de mim: irresponsáveis e livres. Invejo o vento, de agilidade imensa e liberdade intensa.
Já foi tempo de não sentir nada disto… Altura em que sentimentos ocultos me tornavam feliz! Porém isso não teve uma longa duração como gostaria… Os tais sentimentos ocultos despertaram em algo que me faz sentir superior àquilo que fui… Duas grossas e lentas lágrimas rolam-me pelo rosto, num sentimento de frustração e revolta contra o tempo injusto…
Levanto-me, como se as minhas forças me tivessem abandonado neste curto espaço de tempo de reflexão. Lentamente arrasto-me em direcção incerta, devagar, pesadamente. Lamento que a nostalgia provocada pelo Outono se apodere, desta forma, de mim. Abandono o jardim apenas iluminado pela luz ténue dos últimos raios solares… Tenho um sentimento de tristeza motivado pela profunda saudade que sinto pelo tempo não regressar atrás. Ergo o olhar em direcção ao horizonte e abandono o jardim, cabisbaixa. Sinto o vento tocar-me na face como se pena de mim tivesse…

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