A relatividade dos preços

14:43

Quanto vale o sorriso de um qualquer desconhecido que se cruza contigo num dia cinzento para ti? Quanto vale o calor do abraço de um amigo? Quanto vale um beijo apaixonado? Quanto vale uma palavra de incentivo? Quanto vale uma crítica feroz dos que nos são queridos? Quanto vale uma música que marca um momento oportuno? Quanto vale uma oportunidade esquecida? Quanto vale um segredo? Quanto vale um elogio sincero? Quanto vale a lealdade de um colega de profissão? Quanto vale uma opinião imparcial? Quanto vale a simpatia da funcionária da loja de roupa? Quanto vale a atenção do motorista? Quanto vale a disponibilidade de um desconhecido que nos presta informações desinteressadamente? Quanto vale a tolerância do nosso inimigo? Quanto vale a compreensão do teu melhor amigo? Quanto vale o carinho da família? Quanto vale um olhar sedutor? Quanto vale a identidade do nosso espaço? Quanto vale o número de visitantes deste blog? Quanto vale um sentimento profundo? Quanto vale a solução de um problema? Quanto vale a discrição de alguém? Quanto valem as palavras que vêm das profundezas da alma?

Será que algum de vocês me consegue indicar o preço das situações enumeradas? Sim, eu sei que ninguém consegue atribuir um preço porque são meras abstracções. Mas nós corremos toda a vida atrás destas meras abstracções e se calhar a sua atracção nevrálgica reside no facto de não terem um preço pelo qual as possamos adquirir com firmeza ou regatear com convicção… A ausência de um preço tabelado, imune às oscilações do IVA, faz-nos regressar ao mercado das trocas directas. Não se admitem intermediários, não se exigem descontos, não se reclamam saldos, não se torce a cara perante o aumento. É verdade, todos os preços são relativos: uns autênticos roubos, outros atentados à pobreza, outros salteadores de bolsos mal guarnecidos, outros verdadeiras pechinchas. Nem tudo tem um preço justo e nem tudo tem um preço validado.
Em tudo aquilo que adquirimos que não tenha um preço estipulado, houve um empenho, uma dedicação, um trabalho de produção prévio. Nem sempre dedicamos uns instantes a valorizar o que nos acontece na vida ou o que conseguimos obter sem retroactivos e era importante que o fizéssemos!

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