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“Viver era ter companhia, ter tempo para passear de mãos dadas, conversar calmamente enquanto se assiste a um pôr-do-sol. Nada de deslumbrante, mas, em muitos aspectos, o melhor que a vida nos pode proporcionar.”
Nicholas Sparks, in “Quem ama acredita”
Haverá algo melhor do que ter alguém que nos faça companhia todos os dias? Não é deslumbrante percebermos que alguém nos escolhe como sua companhia? Não é indescritível o valor que tem o facto de sabermos que temos sempre alguém disponível para nos fazer companhia nos bons e nos maus momentos? Viver é preservar a companhia e abominar todas as formas subtis de subvertê-la.
Viver é ter tempo para descobrir com quem queremos passear de mãos dadas, sem pressas e sem fugas. Viver é ter tempo para sentir a textura da mão que agarra a nossa e para sentir o calor que emana desse gesto. Viver é ter tempo para passear, o que pressupõe a exclusão dos passos apressados e dos caminhos percorridos rapidamente. Viver é dar um passo com tempo e não querer aprender a correr. Viver é ter companhia para partilhar o tempo que temos.
Viver é conversar serenamente, dando espaço para um tempo de audição e para um tempo de emissão de discursos significantes. É muito bom ter alguém que nos escuta atentamente, mesmo quando aquilo que temos a dizer não transcende a pura constatação dos factos. Viver é proferir palavras com sentido, que farão eco na alma de quem as escuta liturgicamente, e saber escutar para depois interagir. Viver é também alimentar uma conversa silenciosa enquanto se assiste ao ocaso do sol na linha do horizonte.
Viver é ter tempo para saber apreciar a companhia, para sentir a força de passear com alguém de mãos dadas, para conversar tranquilamente e gozar de um pôr-do-sol. Viver é pedir empréstimos ao tempo, extraindo de si um tempo que deixa de ser inexorável e linear.
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