Ao menos sem ninguém por perto sei que não me irrito e ninguém me chateia.
Eu preciso do silêncio ao final da noite como do barulho durante o dia.
Gosto de estar a sós comigo mesma, a ouvir uma música calma e relaxante.
Suspiro o dia inteiro por chegar a este refúgio nocturno tão acolhedor.
Quero só a paz que as horas tardias não fazem demorar.
Aprecio o vazio do quarto, da casa, do meu “eu”.
Desejo o distanciamento dos conflitos, o afastamento das ilusões.
Posso soltar as lágrimas que se foram acumulando depois da tristeza.
Rejeito todos os convites porque este ritual é sagrado para mim.
Espero o regresso das energias perdidas em tarefas e pensamentos inúteis.
Condeno ao ostracismo o mundo lá fora, os carros, as luzes, o bulício urbano.
Sinto-me protegida pela solidão do final da noite.