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Como é possível que desvalorizemos tanto os problemas dos outros e sobrevalorizemos os nossos? É frequente ouvir comentários do tipo: “isso é um pequeno drama” ou “isso é um problemazito sem importância”. E quando o problema nos pertence? Pois é, a mesma situação é vista com dualidade de critérios – e quase todos a utilizamos.

Quando há algo a preocupar-nos, temos necessidade de alguém que nos ouça e encare o problema que temos entre mãos como tal, ou pelo menos que faça um esforço de compreensão nesse sentido. O que acontece é que nós raramente ouvimos os problemas dos outros sem os considerar como de menor importância comparativamente a algum dos nossos.

É injusto que alguém que tenha sofrido uma perda ouça frases do tipo: “a vida é assim” ou “a vida continua”. É injusto que alguém que tenha terminado uma relação ouça comentários de anestesias locais: “deixa lá, mais oportunidades virão”. Tal como é igualmente injusto que alguém que desmascara uma mentira, que é vítima de uma desilusão e/ou experimenta as sensações de fracasso e de desencanto, tenha que ouvir palavras que em nada contribuem para levantar o astral. São poucos aqueles que sentem a tristeza e conseguem ficar em silêncio, numa postura discreta mas presente.

Pessoalmente, não suporto que alguém que atravessa uma dificuldade – por mais banal que possa parecer – seja menosprezado por isso. Gosto de alguém que ouça os problemas, os dilemas, os grandes dramas, as pequenas fatalidades de outra pessoa e seja capaz de tomar uma parte como sua, pois só assim poderá efectivamente ajudar.

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