Sozinha em casa

11:52

Gosto de ter a solidão da casa, porque só ela me permite o silêncio que a minha alma anseia. Gosto de ter o silêncio só para mim, os meus ouvidos estão saturados das vozes que debitam palavras sem parar – e nesses discursos não há um fio condutor que me interesse nem tão pouco um objectivo válido. Gosto de estar em silêncio para deixar o pensamento divagar para longe.

Gosto de não ter que ligar a luz para iluminar os objectos que já conheço de cor. Só gosto de acender a luz quando não tenho a sombra dos medos a atormentar o meu pensamento. Gosto de ter o rádio como presença obrigatória, com músicas que já estou cansada de ouvir, mas que por isso me são familiares. Gosto de me ter só para mim, sem exigências, sem espelhos, sem juízos, sem expectativas. Prezo muito a minha casa vazia ao final do dia. Não suporto passar pelos dias sem lhes prestar um momento de pausa, um tempo de reflexão, um olhar selectivo sobre a torrente de eventos que o preencheram.

Gosto da companhia destas paredes de um branco empalidecido, porque são testemunhas confidenciais das minhas tristezas, dos meus sucessos, da minha felicidade, das minhas derrotas também. Gosto de estar em solidão para comemorar as minhas pequenas vitórias e orgulhar-me de não as partilhar com mais ninguém. Sei que não são grandes feitos, mas são pequenas conquistas que para mim são importantes. Pois, se um dia, conseguir uma conquista que os outros vão qualificar como “grande”, saberei a que se deve e saberei que a maior satisfação a fui retirando a cada dia dessa empreitada.

Ás vezes, dispenso companhia, declino convites, não compareço a eventos, mas é mesmo por necessidade de estar só assim, sozinha comigo mesma, só comigo e com o silêncio desta casa em paz e apaziguada.

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