Partir...

07:26

Preciso de me afastar, de ir para longe. Não precisa ser o mais longe possível, mas apenas o longe que me permita sentir o peso da distância. Não vou levar telemóvel, relógio ou memórias na bagagem. Gostaria de começar a escrever uma nova história de vida, com tramas interessantes e entusiasmantes. Uma história daquelas que sempre me cativaram quando era miúda, em livros de aventuras, em que a ânsia de descobrir o mistério e a curiosidade cresciam ao virar de cada página. Até este momento tenho muitos livros, que se foram acumulando a par da poeira dos anos. Mas não são tesouros literários, apenas um conjunto de relatos factuais, sem margem para o sonho.

Quando for para aí - nem sei bem onde fica o aí -, apenas tenho a ideia de ficar distante daqui, de ti, de vocês, de mim. Não vou arrastar um passado pesado e um presente carregado de dúvidas. Vou levar apenas a leveza dos sonhos que não custam a criar, daqueles sonhos que nascem com a facilidade de quem imagina o dia seguinte sempre melhor ao que acabou de viver.

Vou levar a mesma postura perante as coisas: observá-las, apreciá-las sobre todos os ângulos e avaliá-las por mero exercício. Mas, quero deixar a atitude de vigilância permanente e preventiva. Não vou tentar prever o que vai acontecer, para me desviar do que me fará sofrer ou do que poderá magoar as pessoas de quem gosto. Vou deixar os velhos medos para trás e vou em frente.

Não vou ter saudades do que fica. Sempre fui desprendida de tudo aquilo que é material. O grande entrave é limitar a importância, o peso e a necessidade dos laços que fui estabelecendo. Porém, neste momento, preciso de voltar a ser nómada! Não quero arrastar uma vida que não vivi e também não quero levar a ilusão de uma vida que ainda me falta viver. As pessoas não são como os gatos, têm apenas uma vida - a vida que é esta! - e eu vou viver a minha.

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