Via postal

16:30

Sob a luz do pequeno candeeiro encarnado, aprecio a secretária inundada de postais e envelopes por escrever. A vontade de pegar em cada um mistura-se com a euforia de retomar o “velho” hábito de enviar postais de boas festas.

Escolho uma caneta. Cor preta. Procuro as moradas. Começo a escrever. Ordem inalterável: data, saudação inicial e, a terminar, a assinatura precedida de uma despedida. Pelo meio, fujo da lógica da linha de montagem! Dá-me um gozo particular personificar o conteúdo, adequá-lo à pessoa que o vai receber.

Releio. Procuro algum erro ortográfico ou falha no sentido. Fecho o envelope. Ali vai um pouco de nós, um pedaço do nosso tempo e um timbre de dedicação. Gosto de quebrar a imaculável brancura dos sobrescritos! Gosto de me dirigir ao quiosque para comprar selos.

Por fim, a impaciência na estação de correios. Aguentar a fila de pessoas à minha frente. Deambular pelos expositores de postais referentes às mais diversas ocasiões festivas até chegar a minha vez.

Vou imaginando a alegria e a surpresa das pessoas quando abrirem a caixa de correio, dali a poucos dias... Inevitavelmente, penso no facto das novas tecnologias ditarem o desuso do correio postal e a desvalorização das emoções envolvidas por um envelope que encurta a distância entre o remetente e o destinatário.

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