Direcções

10:07



Quem está nisto a tempo inteiro, como se este ofício fosse um segunda espécie de hipoderme, está sujeito a agressões várias do meio que o rodeia. Algumas são tão graves que o nosso sistema imunitário se vê à rasca para as repelir.

Quem está nisto de coração exposto, como se fosse essencial respirar este ofício para nos conservamos vivos, sabe que há momentos de desalento e desespero. Alguns são contornados por tudo aquilo que nos é dado à margem das linhas que escrevemos no papel.

Quem está nisto acredita necessariamente numa sociedade melhor e num mundo mais equilibrado, possível ainda na nossa geração. Por isso, somos confrontados com situações que nos obrigam a tomar decisões difíceis. Aí, somos convidados a vencer medos e comodismos e a enfrentá-las, olhos nos olhos.

Podemos perder mil e uma coisas, mas é compensador sentir, cá dentro, a convicção de que fizemos o que tinha que ser feito. Por nós. Pelos outros. Pelas causas que abraçamos. Pelos valores pelos quais lutamos, empenhando suor, emprestando lágrimas contidas e comprometendo risos silenciosos.

Nestes dias que correm, a palavra tem o valor de um segundo, desvirtuado por quem promete sempre mais sem qualquer intenção de concretizar. Felizmente, a ética continua a ser a arma mais letal para quem combate a fome de sonhos.

E nós vamos continuar por esta estrada, contemplando paisagens afectivas e coleccionando os serões de cumplicidades e partilhas.

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