Afectos enrugados

18:35


Eles já se cansaram do amanhecer sucessivo e querem, tão-somente, esse anoitecer conjunto, tardio e vagaroso. Há nisso um pretexto subtil e inconfessado. Eles gostam de ir ver o pôr-do-sol, em passos cruzados e acertados.

Vivem nessa paz discreta, de silêncios sossegados e palavras mansas. E é bom observá-los. No finar da luz de cada dia, eles continuam com os pés abraçados voltados para a lareira, esperando que o frio emigre.

Até lá, vão costurando promessas e desfiando histórias de outros tempos. Não há cansaço nos gestos repetidos nem monotonia nos comportamentos que a familiaridade obriga a prever. Entre eles há uma cumplicidade inalcançável e indelével.

Vivem nesse amor sombrio, enquanto aguardam que haja sol de manhã à noite.

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