Mar-chão

20:09

Quando deixo de ter percepção para esse horizonte que contempla o mar dos vossos dias, trago os ideais cimentados, a vontade reerguida na máxima força e, sobretudo, a certeza de que vale a pena correr atrás dos sonhos, empenhando também as desilusões e as amarguras.

Partilhamos esse gosto pela vida que se demora nos sorrisos nascidos numa esplanada à beira-mar, em tarde de Inverno. Brindamos os serões com histórias cruzadas a dois tempos, inventando esperanças nos pilares que ruíram. Passeamos pela mesma marginal para degustar o pôr-do-sol.


Quando contemplo essa prostração das ondas, beijando preguiçosamente a areia lisa, recupero o equilíbrio. Novas tempestades se avizinham na cartografia das viagens à deriva. Então, tento realinhar as prioridades, mesmo que espreitem múltiplos perigos ou disfarces engendrados.

Inspiramos a maresia, enquanto traçamos planos imediatos para afagar o coração. Sentamo-nos à mesma mesa para honrar tão digno e sereno convívio. Gozamos dessa paz enfiada num sótão atafulhado de papéis, estórias e memórias. Encostamos as alegrias no muro do silêncio para abraçar aquilo que a vida tem de mais genuíno.

Um dia, as escaladas perdem o sentido e as escalas tornam-se definitivas. E haverá sempre esse farol para não nos desvirtuar do rumo sacrificado, conquistado, merecido.

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