Sublimidades

16:03

Acordar sem pressas nem amarras. Ao longe, o deambular de uma música desconhecida. Mexer os pés quentes e esticar os dedos, enquanto se aperta a almofada. E há uma luz de rua coada pela persiana semi-cerrada. Os olhos, esses, subjugados a horas de escuridão. 

Trocar de roupa, vestir o coração nesse Inverno sofrido. Retalhos envelhecidos de um tempo por conjugar, preterido. Espreguiçar demoradamente. Bem perto, o calcorrear do silêncio. E há um cheiro bom a impregnar o quarto. De repente, uns versos sem métrica.

No império das ternuras, reina uma paz que se escreve a giz em pedra de lousa. Sente-se uma plenitude virtuosa, somatório de uma conta por fazer. Entrega-se tudo o que se é e tudo o que se recebe e faz ser, em respeito à lógica que faz cócegas nos olhos e vira os sorrisos para dentro. 

Daí, essa sensação de leveza que foge e não se agarra, esfumando-se à medida que os dias se findam solitários. 

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