Pernoitas

14:33

Não partas. Queria tanto ser capaz de te soletrar estas palavras. Até podia ser baixinho ou ao ouvido. Mas não posso fazê-lo, porque gosto demasiado de ti para te reposicionar numa encruzilhada sobreposta.

Encostas a tua fadiga no meu ombro. Não posso tomá-la nas minhas mãos nem amenizá-la. Desta vez, tens mesmo de ir à luta, sem escudo nem companheiros. Sinto a tua ansiedade e o teu desespero por detrás desse riso.


Se partires, não haverá motivos para procurar o melhor esconderijo nas muralhas, para ligar fora de horas, para aparecer sem avisar, para preparar surpresas ou brincadeiras, para encontrar aquele abraço fugidio no final da noite.

Tenho medo de te perder como aconteceu com esses que partiram e voltaram diferentes. Preciso de ti como me habituaste a ter-te. Preciso de ti para rir e ficar quase à beira das lágrimas que não caem. A ameaça de te ver partir empurra-me para essa antecâmara larga e solitária, onde adormeço triste.

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