Espera desesperada

12:57

Há um silêncio enorme entre o ponteiro dos minutos e o outro onde se empoleiram as horas. Nesse tempo, procuro focar-me nessa ausência de palavras a revestir o rodopio de pensamentos.

Os rostos das pessoas que estão sentadas ao meu lado não têm nada de misterioso. Esboçam sorrisos, expressões de pena, ares de surpresa perante as folhas das revistas cor-de-rosa. Os rostos das pessoas que estão sentadas ao meu lado parecem desassombrados.

Conseguem mesmo travar diálogos superficiais com facilidade. No tom de voz, nem uma réstia de preocupação. Nos seus gestos, não há espaço para o comedimento. Nos seus olhos, não espreitam medos. Na sua presença, não se percebem sombras.

Há um desespero intraduzível entre o ponteiro dos minutos e o outro que orquestra o ritmo dos segundos. Nesse intervalo, procuro concentrar-me nesse fim de tarde em que, sentados no muro, nos despedirmos do sol.

O meu rosto sereno, pousado na tua perna, com o cabelo estendido para as tuas mãos suaves. Hoje, o meu rosto angustiado não descansará no teu ombro, porque o meu olhar pode não saber como te encontrar depois de amanhecer.

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