Vereda

04:10

Olho-te nos olhos. Sem me desviar um milímetro. Com a intensidade de quem procura um segredo quase esquecido. Olho-te nos olhos para me ver. Sem escalas. Sem graduações de cor. Só luz sombria, palavras inacabadas, suspiros contidos.

Vejo, então, que os teus (meus) passos de antes conduziram a nenhures. Vejo, com uma absurda nitidez, a sola gasta e os músculos cansados. Vejo, recortada nas tuas costas, essa alameda que te traz e te afasta deste chão firme. Vejo, sem premonições, as encruzilhadas onde despedaças os sonhos.


Por este caminho incerto, não faltam atitudes de justiça e de ética elevada. Dizem-te. Ouves. Não compreendes. Afinal, os bolsos continuam rotos e, por aí, caem todos os projectos, todos os ideais, todas as vontades de pensar, fazer ou ajudar.

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