­

Diálogo a sós

01:49
Quando me sento ao lado do Tempo e te escuto, apraz-me ficar assim, só a fixar-te e a assimilar as tuas histórias. Entusiásticas, alegres, vivas. Afinal, tuas. É como se sorvesse cada aventura e a tomasse como minha. Essa forma descomprometida de partilha faz-me acreditar que vale a pena continuarmos a celebrar a sinceridade inaugural.Antes gastávamos minutos a enviar cartas de papel perfumado...

Read More...

Arribada

11:32
É como se essa conquista nem te pertencesse, quase como se não a sentisses como tua. Vês, à tua volta, a euforia e o entusiasmo nascerem de vozes contentes. Tu assistes apenas, com alheamento.É como se essa vitória te tivesse deixado derrotado, quase esmagado. Como se, para ti, o valor da factura fosse demasiado alto, quase injustificável. O reconhecimento chega sempre fora de...

Read More...

Sempre depois da meia-noite...

15:29
A noite demora-se, espreguiçando-se pela madrugada. Está, intimamente, embalada pelas palavras partilhadas. Uma empatia assustadoramente perfeita feita de um entendimento imediato. Há ali um código comum que só permite descodificações inequívocas e uma troca de sorrisos cúmplices.Gostei desse lugar vulgar, com uma música de fundo a quebrar o silêncio que não ouvimos. Desfilaram vaidosos os minutos perante a troca de histórias, de pegadas...

Read More...

07:37
“Só conhecemos o que cativamos – disse a raposa – Os homens deixaram de ter tempo para conhecer o que quer que seja. Compram as coisas já feitas aos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens deixaram de ter amigos. Se queres um amigo, cativa-me! – E tenho de fazer o quê? – disse o principezinho. – Tens de ter...

Read More...

07:19
Tira de areia lisa, com algumas pegadas ao longe. Uma genica incontrolável descola-se, de repente, do muro alto. Cá de cima, vejo apenas um casaco com capuz na cabeça e várias cambalhotas, muitas tentativas de pino e as suas consequentes quedas aparatosas sem danos.Seguem-se as chamadas de atenção, os apetecíveis desvelos maternais, mas ela não pára. Continua e diverte-se. Está feliz como se...

Read More...

Atrás do balcão

06:03
Entram alegres e bem dispostos, puxando malas e sacos. Vêm por uns dias. Segue-se uma agitada troca de sorrisos por chaves. A algazarra do átrio desmobiliza-se. Os queixumes das escadas de madeira tornam-se inaudíveis com a profusão de vozes envelhecidas. Passeiam em excursões onde a animação excessiva de uns contagia e destrona a inibição dos mais reservados.Horas depois voltam a cumprimentar-me. Cria-se, então,...

Read More...

Ressonâncias

04:40
Pela janela, não mais do que o escuro da noite cruzado pelas luzes ténues dos candeeiros públicos. Do lado direito, à meia-luz, uma série de notas taciturnas num ambiente alegre. Por dentro, uma vontade dominada.Queria sentar-me ali, com as pernas cruzadas à chinês, para apreciar, em contrapicado, o tamborilar de dedos esguios, nessa dança em que os polegares se cortejam à distância mínima...

Read More...

Total de visualizações

Procurar no blogue