Anna Lohse Ansiedade à solta numa noite por dormir.As emoções sentem-se nos altares de memórias.Olho por cima do ombro e vejo o teu rosto corado,Ainda sem te conhecer o sorriso desdobrado.Depois, foram os passeios e pretextos para infusõesConversas misturadas com confidênciasTimidez vencida para dar lugar à cumplicidade.Saudades imensas das incursões ao mundo das letras expostasE da distância ser apenas de um lance de...
Os teus olhos carregam uma incomensurável profundeza. Dessas que não cabem numa descrição detalhada nem tão-pouco numa análise formal. Desarmam sem intencionalidade, desviam as barricadas, destapam a alma. Desafio-te com os meus. Quero descobrir-te. Comprometer-me nesse silêncio impregnado de vagas emotivas. Tomar o prisma nas mãos para conhecer as tonalidades do teu olhar ao longo do dia, durante a noite, no eclipsar da...
Qualquer ruído, por minimal que seja, lança o tremor cá dentro. O silêncio esfuma-se e demora a reconstituir-se. Na espera, acotovelam-se os medos, as incertezas, as vontades díspares, os sonhos esfarrapados. Abalada a tranquilidade do quarto sombrio, devolvo os pensamentos. Esforço-me por afastá-los da consciência, a todo o momento. E só porque não quero perder a liberdade de continuar com a minha vida....
Ela contava os anos ainda pelos dedos e conservava as perguntas frontais, os olhares indiscretos, o ar de espanto quando a ocasião era desconhecida. Não se inibia de insistir até fazer valer os seus desejos ou até ver satisfeitos todos os contornos da sua incansável curiosidade. Queria ir para a rua e não a deixavam. Queria gritar e diziam-lhe para se calar. Queria...
Bastou essa nesga por entre um braço paralelo ao tronco, sem o tocar, e o intervalo entre esse corpo e o corpo contíguo. O meu campo de visão recortado por essa moldura aleatória, enquanto o pensamento vagueava por entre intenções imediatas e planos longínquos. Vi, então, aquele ajeitar do lenço negro. De repente, bateladas emotivas. Enxotadas à pressa, com o mesmo ímpeto de...
Sabe a insípida a manhãDepois de te ouvirEsse vazio colado às sílabas. Outra vez, o diálogo repetidoA uma só voz, sentidoEntristecido, fugidio. E tudo fica fora do lugarSuspenso, desnorteadoDesdenhado, isolado. Andrew Wyeth ...
Desde pequeno que lhe apontavam a teimosia e a inflexibilidade na atitude. Cresceu cultivando isso. Sem arrependimentos. Com ar altivo, seguia as suas convicções, mesmo que lhe provassem que eram feitas de areia fina. Não tolerava insinuações, raciocínios falaciosos e sorrisos postiços. Mas acabaria por lidar com tudo isso, tenazmente. Conseguia nortear a vida, sem permitir que a consciência se intrometesse. Todos gravitavam...
Vem daí sem esperar que eu te diga. Levo as saudades no colo e o apetite de conversas longas. Visto a camisola mais quente para não sentir a frescura da brisa no cimo dessa encosta, onde anseio por ver a tua silhueta recortada ao declinar do dia. Lenny Thomas Tenho uma infinidade de coisas para te contar: angústias, peripécias, nostalgias, conquistas, expectativas. Haverá...
Folhas de cimento quadriculadas em cima de pilares brancos e esguios de betão, que assentam num tabuleiro de xadrez onde faltam alguns quadrados pretos. Aqui joga-se o desafio permanente de esperar, seja quem chega, seja quem parte. Ela vem cedo, todos os dias, ao principiar da tarde. No painel dos relógios explora as latitudes da ansiedade. O segurança mais antigo conta que vem...
Esse olhar vazio de ti assustou-me. Quis dar-te o meu, mas tão perto de ti não consegui. Não teria alcance suficiente para açambarcares as tonalidades da esperança e repelires as esquinas da mágoa. Reagi sem te enfrentar, domando uma fúria inócua. Procurei mordiscar o teu auto-domínio. Sem dizer uma palavra sequer. E consegui, pois essa proximidade inexplicável transfigura muralhas em dunas. Foge desse...